segunda-feira, 8 de julho de 2013

TRAFICANTES E MILICIA SE ENFRENTAM EM JACAREPAGUÁ.

Eles nasceram nos arredores do Largo do Tanque. Muitos deles, há poucos anos, passavam seu tempo livre soltando pipa e jogando bola pelas vielas do Morro da Covanca, em Jacarepaguá. O passatempo, hoje, é outro: ostentando fuzis a céu aberto, eles ameaçam moradores, enfrentam a polícia e tentam tomar a favela da milícia que ainda domina o local. Investigações da 41 DP (Tanque) revelam que a cúpula de uma das maiores facções da cidade investe numa nova geração de traficantes para fazer da Covanca seu novo quartel general, após ter perdido áreas como o Complexo do Alemão para as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O inquérito já conseguiu identificar 25 bandidos, a maioria com idades entre 16 e 22 anos. Ao todo, seis maiores, que ocupam posições de destaque na hierarquia, já tem prisão preventiva decretada pela Justiça. O responsável por abastecer essa tropa com armas e munição é um velho conhecido da polícia: Luís Claudio Machado, o Marreta, que fugiu pela tubulação do Instituto Penal Vicente Piragibe, em Bangu, no ano passado e, hoje, vive no Complexo do Lins. De lá, ele manda reforços para a "tropa" em caso de ataques da facção adversária, que ocupa o Morro do Dezoito, em Água Santa. A "caixa baixa" tem, em seu rol de atividades, práticas pouco usuais do tráfico. Alguns integrantes, como William Thiago Arruda, o Baby, e Luiz Félix de Paula, o Dois, praticam roubos de carro em série para abastecer financeiramente o grupo, que ainda não lucra com a venda de drogas. Sem contar a cobrança de taxas para gás e transporte alternativo, atividades tradicionalmente exploradas pela milícia local. — A milícia da Covanca se contraiu e o tráfico cresceu o olho para tomar esse espaço — conta o delegado titular da 41ª DP, Marcus Neves. A quadrilha já faz suas primeiras vítimas e já sinaliza que quer, pelo medo, tomar as rédeas da comunidade: a Divisão de Homicídios investiga se os motoristas Marcelo Souza Costa e Mário César Lopes da Silva foram queimados, há duas semanas, dentro de seus carros por se recusarem a pagar o pedágio de R$ 30 para o tráfico. A 'caixa baixa' exibe sua força no Facebook Antonio Marcos Guimarães, o Antoninho, tem apenas 18 anos, mas já carrega armas de gente grande. O perfil do jovem bandido foragido no Facebook — já investigado pela polícia — deixa claro o paradoxo entre a despedida da infância e a entrada para a vida do crime: entre fotos da namorada e de beijos na mãe, o bandido exibe armamento pesado, como um fuzil 762 com alcance de 3 mil metros equipado com uma luneta de 30 cm. Outra imagem homenageia seus ídolos: Aleksandro e Anderson Rocha da Silva, respectivamente Sam da Caíco e Russão, traficantes expulsos da Covanca pela milícia que foram presos em maio do ano passado tentando retomar o controle da favela. "Patrão Sam e Russo vai voltar, é nós", diz a legenda. Além de fãs, Sam deixou herdeiros na favela: segundo investigação da 41ª DP, seus dois filhos, Thiago Silva de Souza, o Shrek, e um menor, de 16 anos, fazem parte da quadrilha. Os laços familiares, aliás, são característica do grupo: o irmão mais velho de Antoninho, Bruno Guimarães, o Malandrinho, também está foragido. Histórico sangrento No início de 2012, a polícia começou a perceber que moradores da Covanca estavam sendo expulsos de lá. Os responsáveis pelas ameaças eram traficantes nascidos na favela e expulsos pela milícia. Refugiados no Jacaré, o grupo chefiado por Sam se preparava para retomar o local em 2012, quando uma operação da Core prendeu os líderes do grupo. Após a prisão de Sam, a área voltou a ser dominada por milicianos até 30 de abril, quando PMs prenderam um homem conhecido como Japão, o líder do grupo. Desde então, a milícia ficou enfraquecida. Atualmente, há um inquérito na 41ª DP para investigar o grupo que permaneceu na favela: segundo agentes, há PMs, agentes penitenciários e bombeiros envolvidos. As investigações da polícia revelam que criminosos do Bateau Mouche, Jacarezinho e do Complexo do Lins já estiveram na Covanca nos últimos meses para apoiar o grupo local. Há duas semanas, PMs encontraram um acampamento do tráfico no morro. Na sexta-feira, Diego Ribeiro, o Maldade, chefe do tráfico do Bateau Mouche, que já foi visto na Covanca, foi preso por PMs. Fonte: http://extra.globo.com

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