segunda-feira, 12 de agosto de 2013
PM INFILTRADO EM QUADRILHA DE BANDIDOS NA ROCINHA FAZ UMA REVELAÇÃO.
Em depoimento na 15ª DP (Gávea), um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, que trabalhava “infiltrado” no tráfico com autorização judicial, diz que Amarildo Dias de Souza, desaparecido desde o último dia 14, morreu pelas mãos do traficante Thiago Silva Mendes Neris, o Catatau, de 24 anos — que teve prisão temporária decretada, mas ainda está foragido.
No relato, feito quatro dias após o desaparecimento, o PM afirma ter recebido uma ligação de Catatau, em que o traficante afirma que “tombou o Boi”, apelido de Amarido, para “provocar a população contra o comandante da UPP e enfraquecer o policiamento na Rocinha”.
O delegado Ruchester Marreiros, que tomou o depoimento, afirma que o tráfico tinha mais motivos para matar Amarildo: os bandidos desconfiavam que o pedreiro era informante do soldado Douglas Vidal, o Cara de Macaco, responsável pela abordagem do morador no último dia em que foi visto.
— Nas escutas, os traficantes desconfiam de algum informante e ameaçam matar essa pessoa. Há indícios de que seja o Amarildo — afirma o delegado, que, ao relatar o inquérito, pediu a prisão temporária de Elisabete Gomes, mulher de Amarildo.
Segundo Marreiros, num grampo anexado ao inquérito, um traficante fala para outro que o “Boi está vacilando, está falando demais”. O diálogo aconteceu um mês antes do sumiço do pedreiro. Para o delegado, o próprio Amarildo teve sua voz gravada. Na ligação, o traficante Marcelo Xavier da Costa, o Pará, pergunta a um homem identificado como “Boi” se “ele ainda tinha garrafa”. O homem diz que acabou tudo. Marreiros explica que garrafas são os recipientes onde o lança-perfume é vendido.
No depoimento, o policial da UPP também detalha os papeis de Amarildo e sua esposa dentro da quadrilha. Segundo ele, o casal fazia um “serviço de suporte em troca de droga ou dinheiro”. Ambos seriam viciados em cocaína. “Bete” escondia bandidos em sua casa e até fazia papel de garçonete nas reuniões dos chefes do tráfico.
Um dos filhos de Amarildo foi detido por policiais da UPP da Rocinha com drogas e um revólver no último mês de março. Um registro de ocorrência feito na 14ª DP (Leblon), no dia 16 de março, mostra que Amarildo Junior Gomes da Silva, de 18 anos, foi flagrado junto a um grupo de 15 jovens, “a maior parte deles armados”. Quando avistaram os policiais, o grupo se dissipou, mas quatro pessoas foram alcançados, entre eles o filho do pedreiro.
No local onde estavam, os PMs apreenderam “uma pistola 45, sete carregadores, munições, quatro artefatos explosivos, farto material para endolação, 88 sacolés contendo pó branco e um comprimido semelhante a ecstasy”. Na época, o adolescente era menor.
Ontem, o Ministério Público pediu à Justiça a prisão preventiva de 16 presos na Operação Paz Armada. O delegado Orlando Zaccone, titular da 15ª DP, pediu a prisão de 14 pessoas. Já Ruchester Marreiros, que era responsável pela investigação à época indiciou 42 suspeitos.
Entre os 16 nomes, está o de Catatau, que afirma numa escuta em posse da Justiça, ter matado Amarildo. Ele era o responsável por distribuir as armas usadas pelos “seguranças” da quadrilha. Seria subordinado a John Viana, o Johnny, que estaria à frente da quadrilha por ordem de Francisco Lopes, o Nem.
FONTE: http://extra.globo.com/
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