quinta-feira, 28 de junho de 2012

BOPE ATACA BANDIDOS DA ÁREA DA U.P.P. COROA/ FALLET / FOGUETEIRO.

Batalhão de Operações Especiais (Bope), a chamada tropa de elite da Polícia Militar, costuma preparar o terreno em favelas que ainda não foram pacificadas. Na segunda-feira à noite, os caveiras inverteram essa lógica ao assumirem uma missão numa área ocupada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), para checar denúncia de tráfico — algo que, normalmente, os próprios policiais da UPP fazem. A operação atípica terminou de forma trágica, com um adolescente morto, outro baleado e uma série de perguntas sem respostas.

Por que, por exemplo, a tropa de elite precisa entrar numa comunidade já pacificada, onde não deveria haver, em tese, a ação de bandidos armados? A PM se limita a responder que o Bope pode entrar em qualquer área do Rio. Mas não explica se há algo errado na ocupação nos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro, onde tiroteios ainda fazem parte da rotina de moradores.

Na semana passada, uma menina de 10 anos foi atingida de raspão na perna direita em tiroteio entre policiais e um foragido no Fallet, em plena luz do dia. Inaugurada em fevereiro de 2011, a UPP não conseguiu cumprir a missão de deixar para trás os tempos de guerra.

‘É dia de guerra’

Segundo moradores, operações do Bope são rotineiras, mesmo após a entrada da polícia pacificadora. Segundo a versão contada por testemunhas, os policiais mandaram um bar fechar as portas e apagar as luzes, na entrada de um beco. X. disse ter ouvido os policiais entrando no morro e dizendo "Hoje, vamos fazer muitas mães chorarem. É dia de guerra". Na rua, encontrou com um deles que teria dito, segundo ela: "vai pra casa, senão você também vai ser atingida".

— Não conseguimos nem dormir. Já perdi um filho e tenho medo do que possa acontecer. Ainda vivemos em tempos de guerra — desabafou.

Um outro morador, que também não se identificou, disse que policiais que não pertencem à UPP costumam atuar na área. E que já agrediram os moradores.

— E toda vez que chega um policial de fora, tem confusão com morador. Ou alguém é agredido ou é baleado. No sábado, os policiais invadiram uma casa e quebraram o celular de uma moradora, porque ela estava filmando — disse.

Em nota, a Polícia Militar disse que a equipe do Bope fez a operação "seguindo denúncias anônimas" e que encontrou traficantes armados na Rua Eliseu Visconde. Segundo a PM, o Bope abriu sindicância para apurar as circunstâncias da ocorrência. Mas a PM não esclareceu quem chamou o Bope.

OS FATOS

Arma apreendida - Na operação do Bope, Thales Pereira Ribeiro D‘Andreia, de 15 anos, morreu ao ser atingido por um tiro no peito. Ele foi encontrado num beco e levado pelos policiais do Bope ao Hospital Souza Aguiar, mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a polícia, ele estava com uma pistola ponto 40, com numeração raspada. A arma foi levada à 5ª DP (Mem de Sá), que investiga o caso.

Versões diferentes - Enterrado na manhã desta quarta-feira, no Cemitério do Catumbi, Thales tinha uma passagem por tráfico de drogas, em março deste ano. A família acusa a polícia de forjar a ocorrência. Mas funcionários da Escola Municipal Santa Catarina, em Santa Teresa, contam que todos sabiam do seu envolvimento com o tráfico.

Com granada - Além de Thales, um adolescente de 17 anos foi baleado na virilha, na operação. Segundo a polícia, ele deixou cair uma granada, encaminhada à delegacia. Ele está internado no Hospital Souza Aguiar, sob custódia.

A investigação - A 5ª DP registrou a apreensão de 184 papelotes de maconha, achados no local, e as armas de dois PMs que atiraram. Elas serão periciadas. A perícia irá verificar ainda se havia pólvora nos dedos de Thales.


FONTE: Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/pm-nao-explica-por-que-tropa-de-elite-precisa-entrar-em-area-pacificada-5337305.html#ixzz1z6yiIsbd

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