sexta-feira, 22 de março de 2013
MORADORA DA CIDADE DE DEUS CRITICA CMT DAS UPP. E DELEGADO DA POLICIA CIVIL DIZ QUE PMS ESTÃO MENTINDO.
A versão contada por policiais militares da UPP da Cidade de Deus para justificar terem baleado um homem, nesta quarta-feira, foi derrubada pela Polícia Civil. Uma investigação conduzida pela 32ª DP (Taquara) descartou a possibilidade de reação policial a tiros dados pelo office-boy e motoboy Paulo Henrique dos Santos, de 25 anos, baleado no rosto enquanto estava a 30 metros do local onde havia um tumulto entre PMs e moradores.
— Não houve confronto. A versão apresentada pela Polícia Militar não é coerente com o que apuramos — afirma o delegado Antônio Ricardo, titular da 32ª DP, que abriu inquérito por tentativa de homicídio.
No local da confusão, numa localidade conhecida como Laminha, próximo à Travessa Betsaida, os moradores se revoltam com o episódio.
— Ele (Paulo Henrique) não foi nem perto dos policiais. Eles (os PMs) vieram para trazer paz, mas não é o que está acontecendo aqui. Não sou contra a UPP. O problema é que os policiais deveriam ser mais preparados — protestou uma moradora, que não se identificou.
A confusão começou quando policiais da UPP rendiam um suspeito de envolvimento com o tráfico numa localidade conhecida como Laminha, próximo à Travessa Betsaída. De acordo com depoimento dos policiais, o homem reagiu e incitou a população. Eles disseram ter sido agredidos pelos moradores. Um deles, inclusive, disse ter tido a farda rasgada.
A versão contada no local da confusão é outra. De acordo com moradores, o suspeito foi agredido com uma gravata e desmaiou antes de ser algemado. A mãe dele, uma mulher de 45 anos, disse ter sido agredida enquanto o filho era colocado na viatura. "Me atiraram no chão. Torci o tornozelo e estou com o joelho machucado, olha", disse a mulher, apontando para o local do ferimento.
PMs afastados
O coronel Paulo Henrique de Moraes, coordenador das UPPs, afastou, nesta quinta-feira, os soldados Hugo de Souza Rodrigues e Rodrigo Chaves da Rocha Pereira, acusados de atirar na direção de Paulo Henrique. Eles irão desempenhar funções administrativas até o fim da investigação. A 32ª DP apura o caso como tentativa de homicídio.
Antecedentes da vítima
Três horas depois do episódio, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora divulgou nota afirmando que Paulo Henrique havia trocado tiros com policiais e tinha antecedentes por furto, receptação e resistência. Depois, mudou a versão, dizendo que ele tinha apenas passagens por desacato, resistência e dano.
Na tarde desta quinta-feira, a Polícia Civil informou que Paulo Henrique tem quatro anotações. Ele foi indiciado por receptação por comprar uma bicicleta furtada, há dois anos. O caso está na Justiça. O inquérito de violência doméstica está em andamento. Os outros dois inquéritos foram arquivados.
FONTE: http://extra.globo.com/
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